Sobre a Guerra


Chega um momento em que o soldado esquece o que é sugar um ar que não cheire a sangue, e o cigarro recusado parece mais atraente. O uniforme outrora limpo, o orgulho alistado nas cores da nação se confundem na cor da pele e um marrom de suor, terra e pedaços de gente sem nome. A bota encharcada, a comida de vermes, o rifle em riste e o sono sempre raso. Tudo que é humano te convoca à loucura e sanidade demais pode te matar.

Depois a volta a um mundo que é ainda o mesmo, um passo que não é seu, mundo de horas e segundos, finesse e hipocrisia, dissolução, política e mentira. É muito fácil me identificar com esses homens, estes soldados, pois tive eu mesmo as minhas batalhas. E quem sabe da mesma ordem, em existências transatas?

Me impacienta a necessidade da polidez excessiva, o chamado networking, as exigências da diplomacia da convivência social, quando falamos "A" para conseguir "B", precisamos calar a verdade para não ferir suscetibilidades excessivas, acordos não verbais a que não desejamos nos submeter ou hierarquias nefastas e contraprodutivas.

Queremos atacar diretamente os nossos problemas, resolvê-los de forma pragmática, objetiva, entendendo a necessidade da educação e do respeito, sem dúvida, mas sem a excessiva politicagem que parece contaminar mesmo a menor das relações. Às vezes quero simplesmente agir como um destes soldados, pegar o meu rifle e atacar diretamente o problema, seja ele qual for. Em determinados momentos, acredito que todos podemos nos identificar com isso. Talvez por isso, em todos os tempos o chamado à guerra tenha sido sempre tão popular entre a juventude.

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