Seria a raiz ainda de um começo torpe Engulo de uma tomada seu rosto eslavo e ausente Óculos de armação larga, cheiro bem seu no sovaco Termino então um cigarro, o rosto vidrado no teto, a mente vazia assim mesmo em relato oceânico de mundos gerais. Larguei em você minhas luvas, sumi com a boca nas curvas. Batom na camisa, espero a pergunta. Sem pressa ou tardar, a mulher sonha quando o dia amanhece. Eu finjo, respiro e respondo. Não sei se é verdade, mas digo sem pranto, presto homenagem a todo encanto: “Sim, mulher. Te amo”.
- Estamos sonhando? - Não sei, meu bem. Realmente não sei. - Parece real, não é? - É verdade. - E como estamos velhos! Não é surpreendente? - Nem tanto. - Sim, mas eu pensei que... bem, eu pensei, mas talvez todo mundo pense a mesma coisa. É uma bobagem, afinal. - O que você pensou? - Eu pensei que com a gente seria diferente. Velhos, sem dúvida, mas altivos e sábios, decantados de aventuras. Algo nobre desse tipo. Mas não. Somos os mesmos, embora mais feios. - Às vezes, após me calar para dar efeito a uma frase, me surpreendo com a indigência de meus pensamentos. Um desavisado poderia dizer "ele matuta grandes problemas" enquanto tento lembrar o conteúdo de meu almoço. É difícil fazer pra dentro o teatro que se faz pra fora. - Mas, afinal, quando ficamos tão velhos? - Pra falar a verdade, nem sei como chegamos aqui. - É mesmo um lugar tenebroso, tenebrosíssimo. Vemos tudo, embora esteja escuro. E não há como repousar as pern...
é grito no escuro lençol no vazio faca no ventre gata no cio inverno cantante onda de frio casa costurada trama enrolada sorriso indigente pequeno arrepio uma dor de dente lembrança de ontem a porta do carro batida sem jeito uma despedida um aperto no peito um medo gostoso de ser diferente a ideia de alguém assim, de repente