Sonhos

Podem ser objetivos abençoados a movimentar o espírito em torno de buscas luminosas, bem como ecos remanescentes de um passado que nos cabe deixar fluir com os pés firmes no leito do rio, correnteza fraca contra a qual nos cabe lutar no processo de reafirmação da personalidade.

Me refiro aqui tanto àqueles da vigília quanto àqueles produzidos durante o sono, pois que se misturam em nossa representação do desejo e servem de material valioso para o autoconhecimento. Enquanto espírita, partilho da hipótese de que há os sonhos espirituais - resquícios da liberdade do espírito durante o sono - e os psicológicos propriamente ditos, aqueles em que se expressam nossos desejos e vontades, compostos com o material do inconsciente. Ademais, acredito que é no refazimento dos sonhos durante o ato de acordar, preenchendo os buracos que o corpo físico não guarda, que se encontra o material de maior relevância para uma análise de nossa personalidade.

Fazendo a ressalva de que esta é uma formulação de cunho pessoal sem caráter científico, não fará mal dizer que a psicanálise é um de meus interesses, a qual estudo diletantemente, tendo sido eu mesmo um analisando por alguns anos. Conjugam-se a estes conhecimentos, em pé igualdade, meus estudos teóricos e práticos (no campo da mediunidade) do espiritismo e suas obras complementares, notadamente as de André Luiz, psicografadas por Chico Xavier.

Por isso, sempre que posso permito um tempo de transição ao acordar, em que o sonho se grava no consciente. No passar do dia, o coloco em confronto com meus pensamentos correntes, as angústias existenciais e meus desejos profundos, isto é, uma outra variedade de sonhos. Ao final do dia, ou mesmo imediatamente, tenho para ele toda uma interpretação, que nem me digno a escrever, tão completa ela é, como uma esfera de perfeita compreensão que eu deixo quicar mundo afora, deixando para trás a minha mente pacificada. Uma prática que aconselho a todos.

Ao final, não sei se chego aqui a uma conclusão a par da encomenda. O tema, entretanto, é vasto o suficiente para causar temores ao mais robusto do cronistas, por isso é melhor encerrar por aqui, onde corre ainda algum sangue nas veias, com um breve conselho e uma saída elegante, antes que nos choquemos com pegadas de gigantes.

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