Um Insight Pedalístico



Depois de uma semana gastando minha paciência e a campainha da minha Caloi 100 contra as dezenas de joggers de todas as idades na Ciclovia da Centenário, veio o momento do confronto: me choquei contra um senhor de cerca de 45 anos de idade, que me recomendou comprar uma buzina maior ou então me jogar contra todos os outros frequentadores do Parque de João em minha luta pela reeducação da Ciclovia. Prudentemente segui adiante para não dar oportunidade a maiores enfrentamentos.

Adiante parei para conversar com uma senhora, que me relatou andar ali desde a fundação do parque, e que não utilizava a calçada por ter medo dos carros. Tirei do fundo de meu ser toda a paciência que não tenho, falei-lhe no tom de voz mais tranquilo que conheço que aquele local era exclusivo para bicicletas apenas para ouvir candidamente todas as suas justificativas baratas. Quando voltei a pedalar, passei por ela novamente e joguei um "mas você tá errada", no que ela me respondeu com um jocoso "vai pra puta que te pariu!". Leitores, me perdoem, mas eu não podia deixar passar. Essa Bahia é coisa linda de Deus! A velhinha era comédia demais. Olhei ao redor e notei que ninguém andava na área destinada aos pedestres, enquanto, às 07:30 da manhã, a ciclovia estava lotada de tudo menos bicicleta. Resolvi arriscar uma volta na calçada. Foi a melhor pedalada da história!

Sim, tive que me virar com o terreno acidentado, as árvores baixas, o sol e alguns pedestres, mas nada de gente revoltada com minha presença, corredores com fones de ouvido ou velhinhas com bacias da consistência do gesso. Resolvi que a partir de agora vou pedalar na calçada. O trajeto é até maior, o que aumenta o desafio. No final das contas faz mais sentido. Embora eu ainda ache que as pessoas estejam erradas em descumprir uma regra básica de civilidade, o erro original é de projeto - a ciclovia deveria ser externa à area para corrida à pé, uma vez que ciclistas estão mais propensos a pedalar mais próximo dos carros, sem grandes problemas de convivência.

O engraçado foi reencontrar algumas das pessoas que eu tinha convencido a abandonar a área interna e recomendar a elas, entre risos, que o lugar certo para andar era mesmo na ciclovia!

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