O Coração Denunciador

O título deste texto é uma homenagem ao conto de Edgar Allan Poe

No fim de tudo seriam apenas dois a contar os restos, afinal, lembranças não vão em navio, e sim em barcos de papel que a chuva leva em viagens incontáveis na direção do Sol. Cacos de prosa não valem muito neste mercado de aluguel marcado, saliva trocada, língua mordida e um pouco de sangue que nunca volta a seu destino depois de despejado. De que adianta, afinal, dar de comer a elefantes? Eles sempre dão meia volta quando surgem os seus donos. Palhaços sempre riem mais que o público. E ainda temos coragem dizemos que é isso o amor? Dúzia de palavras de um alemão empertigado numa carruagem negra e um rastro de cocô na neve branca do inverno.
Sobem os violinos.

Como esquecer o perfume da fêmea que se mostra sem deixar ver, tão despida em seu recato, entrelinhas de amor profundo que apenas o mais vil dos homens pode verdadeiramente querer, sem nada temer, pois sabe que uma vez desejado não se aflige em matar, não se aflige em morrer!

Então mortificai-se, prepara teu cilício, pois pecador tú há de ser. Foge então pra escuridão, com animais de tua ordem, onde não o consuma a volúpia, antes mesmo do prazer. Arrepende-se, arranca do peito o que pulsa, mata-o, como há de ser. Pois só assim, e assim somente, poderá, enfim, viver...

Postagens mais visitadas deste blog

Prosa Falsa

E desejaram jamais acordar

Sem Título