Intão você escreve.
Paranoiac Visage, Salvador Dali
No seminário flutuante
não há quem seja errado até que se faz pecado de determinar, vida
toda de segunda-feira não vale nada se você inda não tomou Nescau
sem açúcar, coisa de macho mesmo, história de pedir queijo
estragado e mastigar com gosto de lição destroçada sem contar a
ninguém, bolor descendo a garganta até bater o estômago e a fome
chega ao fim justo no tudo errado de quem anda, come, acorda e dorme
direito, na mesma merda descamisada de sempre, inventando motivo pra
ficá triste antes que venha algo de bom e aconteça.
E quem sabe hoje os cachorros passeiem seus donos, os mendigos ignorem os
ricos da janela fumê de seus Tucsons monstruosos e os
motoristas resolvam parar na faixa. Tudo pode enquanto você não
abriu a janela do quarto. Talvez o mar tenha sumido e virado um
estacionamento de trailer americano com gente fritando linguiça
em fogãozinho. Ou quem sabe o tempo não passou at all, doze horas de sono os trinta minutos mais longos da
história.
Intão você acorda dum
sono pesado de ilembrável que prefere inventar história, cara de
tristeza no covarde, distraído disso aí, querendo falar verdade e a
boca sempre fechando, os dente apodrecendo por falta de uso, o
músculo da língua enrolando pra morrer no medo absurdo de falar e
desdizer.
Intão você escreve.